A GAZETA DE ALGOL

"O morto do necrotério Guaron ressuscitou! Que medo!"

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fanworks:fanfictions:fic-026

Projeto: NEI

Autor: Mr. Dark Falz

AVISO: Essa história contém elementos de natureza sexual

Nos cinco discos sobre a mesa escura, a maior ambição do governo foi arquivada. Somente pessoal autorizado entraria naquele lugar. Todas as instruções e o relatório completo da análise jaziam sobre a mesa. Estavam ali, dispostos a arrancar trilhões de mesetas do povo motaviano. Bastava achar as peças perfeitas. Um biomonstro, forte e dócil. Um humano, saudável. Dócil, talvez. As características exatas de uma mulher. Tudo o que precisavam fazer era procurar. Conseguir não era problema. Assim deu-se início ao projeto Nei.

_Doutor Yber…

_Descansar. Reporte.

_Ordens cumpridas com êxito. Todos os bosques e campos de motávia foram inteiramente vasculhados. Extraímos as células de todos os biomonstros que conseguimos achar. Os que obedecem aos quesitos foram guardados no frasco azul.

_E quanto ao humano?

_Interditamos os laboratórios de clones durante três dias, para nos dedicar à busca. Recolhemos cem amostras de mulheres entre 15 e 25 anos. A ideal está no frasco roxo.

_Características…

_17 anos, alta, peso mediano, saudável, sem histórico de doenças graves. Pressionamos os clonadores, para que liberassem o nome. Se chama Nei Andhret.

_Nei? Pois bem, vamos manter o nome. Levem o frasco para o laboratório principal.

_Certo.

_Quero os registradores na sala dos streamers, arquivando tudo.

_Sim, senhor.

_Sr. Yber, todo o equipamento foi encaminhado para o subsolo.

_Os streamers estão prontos? Sabem que são ordens do próprio governador-geral, que arquivemos tudo, para que não fuja a nós um só detalhe da operação., e que a replicação se torne possível.

_Houve um problema com os streamers. Devido à falta de matéria prima ocorrida pelo desgaste das máquinas extratoras das minas, eles tiveram sua produção diária decrescida de 20 para 5 unidades, por ser uma aparelhagem muito complexa. Porém, as ondas magnéticas enviadas de Gaila periodicamente danificou o equipamento, e nós só temos 5 unidades da última produção.

_Somente 5?

_Os 5 da última produção estão aí, mas o destinado ao nosso projeto é apenas 1. Os outros 4 são propriedade do governo motaviano, que usará para construir os cartões de identificação das represas.

_Penso que poderemos fazer com apenas 1. Onde estão os clonadores?

_Estão no laboratório principal, mixando os genes. Todos estão trabalhando no momento, e ao que tudo indica, após a exposição ao crescimento acelerado, o organismo deve estar vivo em 24 horas.

_Eficiência, gosto disso. Preparem os Landrovers, estamos indo em uma reunião urgente com o governador-geral de Motávia, agora mesmo.

_Sim, doutor Yber.

Todos, exceto por parte dos clonadores e arquivadores, contribuíram para tornar o laboratório de biosistemas quase completamente deserto naquele momento. Podia se contar quem ainda permanecia lá: dois guardas na entrada do prédio, e quatro nas torres de vigia que o cercava, um vigiando o corredor principal, três arquivadores na sala dos Streamers, e cinco clonadores no laboratório principal, que já se retiravam, deixando sobre um maquinário apenas uma grande maca em forma de cúpula, com um frasco redondo e brilhante, contendo um líquido vermelho borbulhante dentro dele, ligado a vários tubos e fios. O silêncio era apenas quebrado pelas bolhas estourando dentro do frasco, e o maquinário emitindo seus barulhos rotineiros. Já haviam se passado 5 horas desde o início do projeto, enquanto os guardas se revezavam, para o turno noturno. Somente os arquivadores estavam lá, ainda os mesmos, inertes, apenas digitando e arquivando tudo que viam. Então, o frasco se parte, e o outrora líquido agora é uma massa disforme e espalhada por todo o lado, ainda presa pelos tubos e fios. As borbulhas deram espaço a pequenas relevâncias, como se houvesse algo dentro dela querendo sair. A massa se agitava cada vez mais, e o vermelho ia ficando cada vez mais intenso e brilhante. As relevâncias começaram a fazer a massa se tornar uma espécie de bolsa, que cresceu até um certo ponto, mais ou menos do tamanho de uma melancia, e dentro dele se via o líquido do início, fervilhando, e abrigando uma pequena criatura. Essa situação se manteve durante mais 7 horas, quando a bolsa cresceu ainda mais, e a criatura cresceu junto, até um ponto em que a bolsa explodiu. Os fios e tubos continuavam ligados, só que dessa vez à criatura, que se assemelhava à uma recém-nascida prematura. O pequeno bebê continuou no mesmo estado durante 10 horas, quando os tubos e fios que se ligavam a ele começaram a se alargar cada vez mais, como se os fluídos e substâncias que eles transportavam começassem a aumentar quantitativamente. De repente, o filhote se tornou maior, e foi crescendo, como quem atravessa idades rapidamente, como que se vivesse a vida em um processo de ultra-aceleração. Esse processo durou, aproximadamente, 2 horas. As 24 horas calculadas pelos clonadores haviam se passado, e ali, naquela maca antes quase vazia, agora jazia inerte a figura de uma belíssima garota nua de longos cabelos roxos, pele clara e corpo esbelto. Nei havia nascido.

Os arquivadores deram um salto inesperado quando viram uma pessoa deitada onde antes só havia um frasco de líquido vermelho. Pelas estimativas, Nei permaneceria dormindo durante as próximas 15 horas, por causa do efeito de uma droga contida nas substâncias do crescimento acelerado. Mas nada era certeza, pois essa experiência jamais havia sido feita e concluída com êxito antes. E Nei haveria de provar isso.

O dia já estava a pino quando Yber e sua equipe chegaram ao laboratório. Na frente da cúpula, Yber não podia acreditar nos seus olhos.

_Esta… esta é… onde estão os registradores?

_Sim, senhor Yber.

_Esta é… é Nei?

_Sim, acompanhamos o processo evolutivo de Nei durante toda a fase de mutação, em exatas 24 horas, 8 minutos e 44 segundos. Em 6 horas e 45 minutos, Nei irá despertar, e achamos que o senhor gostaria de presenciar este momento…

_Sim! Finalmente conseguimos, o mérito é todo nosso! Ha ha ha! Preparem o streamer, e não percam um só detalhe do que está por vir. Vamos, todos as suas posições! Ninguém sai antes que Nei desperte.

_Certo, doutor Yber!

As 6 horas mais demoradas da vida de Yber estavam sedo contadas no cronômetro do maquinário que sustentava a maca de Nei. Já marcavam 4 horas e 30 minutos, quando o cronômetro parou, e uma luz verde acendeu abaixo do painel. Ao lado, se lia:“PRONTO”.

_O que… houve?

_Não sei, senhor. Isso não estava previsto….

_Se algo acontecer ao projeto, eu…

Dentro da cúpula, Nei abre os olhos. Sua visão ainda estava embaçada, mais o seu lado biomonstro a alertava de que ela não estava em um lugar onde poderia considerar seguro. Com um pequeno, porém rápido golpe, e sem saber o que estava fazendo, Nei arrebata a fechadura da cúpula, e sai. Suas pernas ainda estavam fracas, e ela mal conseguia andar sem se apoiar em algo. Tentou pronunciar alguma palavra, mas não saiu nada além de alguns gemidos incompreensíveis. Seus “espectadores”, atônitos com a reação inesperada, ainda assistiam sem saber o que fazer.

De repente, Nei fica de pé, e projeta um salto imenso, se apoiando na janela do lado de cima do laboratório. Yber se desespera, e chama os guardas para pegá-la. Mas seria impossível, pois a agilidade de Nei é incomensurável. Ainda assustada como um animal acuado, Nei salta rapidamente para várias partes do laboratório, arremessando objetos nos guardas. Todos começa a correr por todos os lados, e alguns tiros de auto-defesa dos guardas começam a acertar a aparelhagem do laboratório, incendiando-o lentamente. Logo, todo o laboratório principal estava tomado pelas chamas.

_O streamer! Peguem o streamer!

_A sala do computador principal é a prova de fogo, mas a sala de registros está totalmente tomada por fogo, não há como chegar lá!

_Não interessa, tem que haver um meio! Não podemos perder…

_Mas não há, vamos embora, doutor Yber, antes que isso tudo desabe!

_Não! Todo o histórico do laboratório está nesse streamer! Não podemos simplesmente deixá-lo aqui! Se vocês não vão, então eu vou!

_Espere, Yber! Não!

Yber entrou no meio das chamas, enfrentando o fogo e as labaredas, que faziam ruir as bases e pilastras do salão dos streamers. Passaram-se alguns minutos, e um ruído, como um grito abafado de dor, surgiu do meio do incêndio. Então, Yber não voltou mais.

Desesperada, Nei, salta sobre a janela de início, e se arremessa contra ela. A dureza do choque a faz ficar machucada seriamente, e com muita dificuldade, Nei corre ainda nua e desprotegida para o meio da floresta. Em cima de uma árvore, Nei vê, vagarosamente, o Laboratório de Biosistemas ceder em meio ao fogo incontrolável. Alguns instantes depois, guardas passam ao pé da árvore, à sua procura. Ela corria muitos riscos, mas o cansaço e a confusão de sua mente não a permitiam pensar em nada. Mesmo sei pensamentos na cabeça, sua mente rodava. Ela parecia estar pensando em duas coisa ao mesmo tempo, e também não estar pensando em nada. Sentia remorso pelo que fez ao laboratório, e sentia ódio daqueles que a criaram. De repente, Nei parecia ter sido divida ao meio. Cada uma das metades começou a restaurar a outra metade faltante, e uma Nei igual flutuava do lado dela. Era igual a nei, a não ser pelo fato de ter os cabelos cor-de-cinza. Ela não entendia nada, e ainda estava muito confusa e cançada, e esta outra Nei saiu voando pela noite, rumo ao desconhecido. Usando o resto de energia que ainda lhe restava, Nei confecciona uma espécie de tanga com as folhas compridas da árvore onde estava, e em seguida a veste e cai num sono profundo.

A noite passa como um raio. No meio da madrugada, Nei recobra um pouco da lucidez, e sentia que algo a tocava. Uma dor imensa tomava conta de seu corpo, mas ela não tinha forças para reagir ou sequer gritar, enquanto ouvia gemidos, e os toques se tornavam cada vez mais doloridos. Então, ela perde os sentidos e desmaia novamente.

No dia seguinte, Nei acorda no chão da floresta, com folhas de sua tanga, já destruída, secas ao seu redor, tudo coberto com muito sangue. Ela sente uma dor insuportável na cabeça, nos peitos e entre as pernas, como se tivesse sido agarrada e sacudida por algo ou alguém. Se vê nua novamente, e não consegue se lembrar de nada que aconteceu no dia anterior, que por sinal, era o primeiro de sua vida. Andando com mais dificuldade do que antes, e enquanto o sangue jorrava quente e ralo pelas suas pernas, ela se esgueirava entre os galhos secos, ouvindo vozes adiante. Chegando mais perto, conseguia ouvir uma conversa, de dois homens.

_É uma garota estranha, não tenho certeza se é humana, tem orelhas bem longas. Parece ter 17 ou 18 anos, está jogada no chão da floresta. Não quis mexer nela, porque parecia estar gravemente ferida, se não morta. Parece que algum covarde se aproveitou da situação, e a violentou. Você é a única pessoa que consegui achar nas redondezas, se não é um médico, então me ajude a encontrar um!

_Eu não posso sair agora, senhor… eh… como é mesmo seu nome?

_Rolf. Rolf Bogard. Não se esqueça. Pode pedir ajuda para qualquer um em meu nome, tome esse cartão e apresente a alguém, caso encontre. Saberão que se trata de mim e virão o mais rápido possível.

_Bem, senhor Rolf, como eu dizia, não posso sair daqui, estou vigiando o acampamento enquanto meus companheiros voltam. Eles estão caçando na floresta desde madrugada, e quando voltarem, se verem que não estou mais aqui, poderá surgir problemas para mim. Você entende, não?

_Não, eu não entendo. Em nome do governo Motaviano, para quem trabalho, exijo que vá procurar ajuda. AGORA!

_Serviço do governo? Desculpe, eu não… sabia… tudo bem, eu estou indo…

Nei assistia a tudo, até quando o homem saiu. Quem seria aquele rapaz que parecia querer tanto o seu bem? Não temendo perigo algum, e já perdendo os sentidos, Nei avançou para fora da mata densa, e se aproxima de Rolf, que a via, atônito, tentando esboçar algumas palavras:

_M… me… por fav… or… me ajude…

Já sem nenhuma energia, ela desmaia nos braços de Rolf.

_É você! A garota que eu encontrei, pensei que estivesse morta! Está bem? Consegue ficar de pé, falar comigo?

Nei já não ouvia mais nada, e corria grande risco de vida. Rolf realmente não sabia o que fazer. Quando viu o sangue pingando dos pés de Nei, que escorrendo entre as suas pernas, Rolf se desesperou. Tirou a jaqueta cor-de-prata e a camisa, e vestiu Nei, estancando o sangue o quanto podia. Ela estava repleta de marcas roxas, hematomas e vergões nas pernas, na barriga, no rosto e principalmente nos seios. Rolf a pegou no colo, e correu para fora da mata, indo em direção à cidade mais próxima, onde poderia levá-la para um hospital. Mas antes de sair, viu que mais a frente vinha em sua direção, dois rapazes com armas nas mãos. Rolf se despreocupou, pensando que poderia contar com a ajuda dos dois.

_Ei, vocês! Moram aqui perto?

_Estamos acampando na clareira da floresta, porquê?

_Ei, veja no colo dele! É a garota da madrugada!

_Vocês a conhecem?

Os dois se entreolharam com um olhar cínico e pervertido.

_Bem até demais, ha ha ha ha ha ha!

_Foram… foram vocês que fizeram isso a ela, seus malditos!!!

_Ei, calma aí, cara! Você não tem nada com isso, nem é parente dela! Ela parece… sei lá, um biomonstro!

_Ótimo, e isso lhes dá o direito de agredir e estuprar essa criatura indefesa? Poderia prendê-los agora mesmo, se não estivesse prestes a salvar uma vida, mas vocês não perdem por esperar! Lembrem-se de mim, me verão outra vez!

_E quando?! Ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha!

Enquanto Rolf prosseguia, carregando seu misto de desespero e raiva, ecoava-se ao longe as risadas inescrupulosas dos caçadores. Haveria vingança, sim, pelo menos por parte de Rolf e de sua honra.

Saindo da floresta, Rolf partiu diretamente para a cidade mais próxima, onde Nei ficou internada no hospital regional. Rolf velou todos os 3 dias de sua internação, preocupado como um irmão, irmão de alguém que havia conhecido naquele mesmo momento, e nem sabia de quem se tratava. Apesar de saber sobre o ambicioso projeto Nei, nem imaginava que a bela garota deitada na maca de internação era o resultado da experiência. As orelhas longas dos traços de biomonstro passavam desapercebidos. Rolf estava completamente fascinado por Nei, e não pensava em outra coisa além dela.

_Senhor Rolf?

_Sim?! Como esta ela?

_A moça está bem, estava com algumas fraturas e escoriações, e muitos sinais de violência sexual, mas conseguiu resistir muito bem. Diga-me, qual é o nome dela?

_Quando a encontrei, a única coisa que ela disse foi pedir ajuda, mais nada. Mal me lembro da voz dela, menos ainda sei seu nome.

_Você não é parente, nem se quer conhecido? Bem, não deve ser, pois a estrutura do corpo da moça é estranha, como se não fosse…

_Humana? Já ouvi isso hoje… Veja bem, já disse que não, a encontrei na floresta.

_Bom, então veja se consegue descobrir, ela acabou de recuperar a consciência, mas se recusa a abrir a boca, como se estivesse em estado de choque. Quem sabe se você falar com ela…

Não foi preciso falar mais nada, Rolf já estava do lado da maca de Nei, tentando ver se ela compreendia suas palavras.

_Ei, você está se sentindo bem? Pode pelo menos falar comigo, ou me ouvir?

_Você… foi você quem me… salvou!

_Você estava muito machucada, mas agora creio que está bem. Diga, qual o seu nome?

_Não… sei… não me lembro direito…

_Você não se lembra de onde veio, onde mora, sua família, nada?

_Não… ei… qual é o seu nome?

_Rolf Bogard.

_Rolf…

_Sim?

_…obrigado…

_Durma um pouco, você precisa descansar. Doutor, venha aqui, por favor!

_Sim, senhor Rolf?

_Sou agente do Governo Geral de Motávia. Assine os papéis, essa garota está agora sob minha custódia legal. Tem certeza que ela está fora de perigo?

_Sim, absolutamente.

_Então mantenha-a aqui, e caso acorde, diga que voltarei logo. Tenho umas contas a acertar.


A floresta que cerca o Laboratório de Biosistemas estava agora com suas extremidades cobertas de cinzas, e as árvores que ainda permaneciam em pé, não ficariam daquele modo por muito tempo, pois o carvão que seus caules haviam se tornado agora já ameaçavam a ceder. Mas o interior ainda permanecia verde e denso, cheio de árvores, tanto altas quanto rasteiros arbustos, e para esta regra só havia a exceção da clareira, que ficava no miolo da floresta. De lá, uma fumaça saia, originada de uma pequena fogueira no meio de um acampamento. Próximo a este campado, dois homens corriam e se desviavam dos galhos secos, desesperadamente, sendo seguidos por algo que não sabiam direito o que era. De repente, o vulto parou de seguí-los.

_Será que já foi?

_Acho que sim! Que estranho, as armas não o acertavam!

_E me disseram que não havia nenhum biomonstro na floresta!

Do alto de uma das árvores, dois raios atingem, certeiros, as pernas do rapazes, que caem no chão, agonizando. Atrás deles, um rapaz vestindo uma camisa azul e uma jaqueta cor-de-prata, se abaixa e prepara as algemas.

_Realmente, não há biomonstros por aqui, só agentes do governo. Então, não me esqueceram, não é?Ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha ha…

FIM

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