A GAZETA DE ALGOL

"O morto do necrotério Guaron ressuscitou! Que medo!"

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 ===== Parte 3 ===== ===== Parte 3 =====
  
 +Ao avistarem Piata, no horizonte, notaram uma grande inquietação entre guardas. Com certeza perceberam que Gryz se encontrava com eles. Chaz sacou a espada e ficou em alerta. Não deixaria que machucassem seu amigo, e pela primeira vez pensou que entrar na Academia de Piata poderia ser bem difícil.
  
 +O plano foi concebido pelo próprio Gryz. Eles entrariam levando-o como prisioneiro, com as mãos amarradas, e Chaz levaria às costas o machado do guerreiro motaviano. Por medida de segurança, cercaram-no os três companheiros para, assim, evitar que os habitantes de Piata tentassem qualquer espécie de vingança.
 +
 +A entrada correu de forma bem mais tranqüila do que todos esperavam. A maioria das pessoas fugia quando eles se aproximavam, e somente uns poucos curiosos atreveram-se a olhar mais de perto. Apenas os guardas de Piata mantinham-se com os olhos fixos no grupo, mas sem qualquer movimento de ameaça, sem sequer dirigir-lhes a palavra. As casas fechavam as portas, e pelas frestas das janelas via-se os olhos curiosos das crianças.
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 +Em frente à academia, antes entrarem no enorme prédio de pedra, Chaz entregou a Gryz seu machado, logo depois de desamarrar suas mãos. O motaviano ergueu a arma e disparou um golpe no ar com extrema perícia. Pela primeira vez os guardas resolveram interferir:
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 +“Parados!” Gritou aquele que, dentre eles, parecia ser um líder.
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 +“Viemos trazer nosso prisioneiro,” disse Chaz com um sorriso, “vão nos impedir?”
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 +“Prisioneiros não deveriam portar armas. Traição é um crime penalizado com a morte!”
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 +“Traição é um termo bastante questionável,” disse Rune com uma voz calma e suave. “É preciso verificar quem traiu quem em primeiro lugar, claro. Ou mesmo certificar-se se uma traição não foi a forma encontrada de não trair a si mesmo.”
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 +O feiticeiro ergueu as mãos e pronunciou algumas palavras estranhas. No mesmo instante os guardas soltaram todas as armas e sentiram como se cordas invisíveis prendessem seus membros. Chaz já vira aquela técnica várias vezes: chamava-se ‘Bindwa’.
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 +“O que pretendem? Vieram atacar nosso reitor.”
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 +“Não viemos atacar ninguém,” disse Rika adiantando-se e tocando o rosto do capitão com sua garra, fazendo um pequeno arranhão. “Viemos castigar um assassino. Não foi isso que pediram na mensagem enviada ao Hunter’s Guild?”
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 +“Vamos, estamos perdendo tempo!” exclamou Gryz, precipitando-se sobre a porta e a arrebentando a tranca de aço com um único golpe de seu machado.
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 +Uma agitação entre as pessoas que observavam a cena chamou a atenção dos quatro heróis, e logo avistaram, ao longe, um novo regimento de guardas, ainda maior, que vinha em auxílio dos companheiros derrotados.
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 +“Essa não!” Disse Chaz em voz alta. “Vamos nos apressar, se lutarmos contra eles haverá muitas mortes desnecessárias.”
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 +O jovem hunter tomou Rika pelo braço e correu para dentro da Academia, sendo seguido por Rune. Ao cruzarem o umbral de pedra, o feiticeiro virou-se e começou murmurar alguma coisa. Usava as mãos fazendo círculos rápidos no ar. Uma de suas magias! Criou-se no mesmo instante um forte vendaval que derrubou vários dos guardas ao chão.
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 +“Precisamos dar um jeito de trancar esta porta.”
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 +“A tranca do lado de dentro não esta danificada. Não é grande coisa mas nos dará algum tempo. Se o reitor for inocente, estou certo de que ordenará aos guardas que fiquem de fora, e ouvirá o que temos a dizer.”
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 +Alcançaram Gryz e subiram rapidamente as escadas que levavam à sala do reitor. A porta da sala estava trancada mas, desta vez, Chaz não tinha intenção de esperar muito.
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 +“Crosscut!” Exclamou o hunter enquanto girava a espada velozmente fazendo um corte preciso em forma de cruz; a porta fez-se em quatro pedaços.
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 +Entraram todos, ficando em linha, com os olhos fixos na mesa do reitor. Estava vazia.
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 +“Será que o reitor fugiu?” Comentou Rika.
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 +“Não pode ser, ele não teria outro meio de sair do prédio a não ser pela porta principal”
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 +“Talvez exista alguma passagem por trás desta sala.” Uma nuvem escura cobriu os olhos de todos eles, e os quatro sentiram um vento frio brotar do chão e subir rodeando seus corpos como se fosse várias lâminas escuras fazendo pequenos cortes e provocando uma intensa dor.
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 +“Corrosion!” A voz do reitor soou vinda das costas dos quatro heróis. Ainda atordoados, viram seu agressor: o reitor encontrava-se junto à porta, flutuando envolto em uma espessa aura negra.
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 +“Seus tolos! Seria melhor se tivessem todos morrido quando mestre Zio os enfrentou pela primeira vez.” A voz do reitor fazia-se ouvir rude e fria.
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 +“Então você está mesmo por trás de tudo isto!” Gritou Chaz
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 +“Efess!” Rune lançou de suas mãos um poderoso raio azul que atingiu em cheio o peito do reitor, fazendo-o recuar, mas não pareceu afetá-lo.
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 +“Você já tinha se vendido a Zio quando o enfrentamos anos atrás. Maldito seja.”
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 +“Zio foi derrotado por nós, este tolo não vai durar muito.” Gryz saltou e deu um poderoso golpe de seu machado contra a mão erguida do reitor. Uma luz negra brilhou e o golpe foi repelido, fazendo o machado romper-se em mil pedaços.
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 +“É a mesma magia que Zio utilizava,” exclamou Rika. “Será tão poderoso que não possamos derrotá-lo sem a ajuda do Psycho Wand?”
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 +“Você matou Pana, demônio!” Gryz lançou-se de braços abertos contra o reitor e pôs os braços em volta do inimigo, prendendo-o. “Acabem com ele! Não se importem comigo!”
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 +Antes que qualquer um dos três companheiros pudesse esboçar qualquer reação, o reitor fechou os olhos e começou a tremer. Gryz sentiu um frio intenso tomar conta de todo seu corpo. Era como se sentir sendo perfurado por mil espadas de gelo em um único instante. Ouviu-se um grito e o motaviano deixou-se cair ao chão desfalecido. Rika correu em direção ao companheiro caído e principiou um movimento de mãos característico das técnicas de cura.
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 +“Idiotas, a morte é chegada para vocês! Logo serei eu o feiticeiro negro!”
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 +Este comentário foi o suficiente para Rune.
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 +“Chaz,” gritou o feiticeiro, “veja o brilho negro às costas deste demônio.”
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 +De fato, havia por trás do reitor uma esfera negra que flutuava à altura de sua cabeça, de onde emanava a energia escura que envolvia todo o seu corpo. Em um instante, o rápido raciocínio de Rune pôde compreender tudo. Era uma esfera como aquela em que Lutz depositara suas memórias e seu espírito. Mas então Zio tornara-se tão poderoso a ponto de executar tal encantamento? A Esfera da Memória era a técnica mais secreta de Lutz. Era através desta poderosa magia que o espírito do líder supremo dos Esper podia sempre retornar à vida para proteger Algol.
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 +‘Então’, pensou Rune, ‘Zio também tomara suas providências para perpetuar-se caso fosse derrotado.’ De qualquer forma o reitor ainda não parecia dispor de todo o espírito de Zio. Talvez a transformação ainda não estivesse completa e, aparentemente, fora a sua chegada que impedira o ritual de ver-se finalizado. E se o reitor pudesse dispor de todo o poder de Zio? Certamente a barreira negra se tornaria tão forte que somente com o auxílio do Psycho Wand eles poderiam rompê-la, como há muito anos atrás.
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 +“O que ele pretende? Ressuscitar Dark Force?” murmurou Rune para si mesmo.
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 +Talvez fosse este o motivo que levara o reitor a planejar uma guerra entre as raças. Todas as mortes, o ódio, o desejo de vingança, produziriam uma grande onda de energia negativa que tornariam Dark Force um ser poderoso novamente em um curto espaço de tempo. Talvez com o espírito de Zio renascido e toda a energia maligna que uma guerra destas proporções produziria, pudesse haver uma maneira de fazer Profound Darkness retornar a Algol antes que se passassem os mil anos que fecham o ciclo, quando o lacre sobre o portão dimensional se tornaria fraco o suficiente para suas investidas.
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 +“Precisamos destruir a esfera negra antes que se complete a transfiguração! Sem forças, ele voltará a ser um simples humano.” Gritou Rune.
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 +“Antes do quê?!?” perguntou Chaz. “Ora, não importa, se é essa a solução vamos deixar para discutir detalhes depois!”
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 +O Hunter avançou furiosamente contra a esfera às costas do reitor. Puxando uma pequena faca de lâmina fina. Antes, entretanto, que pudesse alcançar o artefato maligno o reitor soltou um horrendo gemido, e uma onda de energia irradiou de seu corpo arremessando todos contra as paredes.
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 +“Não!” gemeu o demônio. “Vocês não irão me impedir de alcançar o poder máximo!”
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 +O reitor começou a disparar diversos raios de energia Rune protegeu-se criando uma barreira de luz azul ao redor de si e de Gryz. Rika, entretanto, fora atirada a uma distância bem maior e, portanto, fora do alcance da magia de proteção criada por Rune. O próximo raio disparado fatalmente a atingiria.
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 +Com um grande esforço Chaz conseguiu pôr-se de pé. Cobria o rosto com uma das mãos e, com a outra, empunhava a faca. Mesmo o hunter não saberia dizer de onde retirou toda a força que moveu seu corpo contra a direção da forte irradiação de energia negra. Tudo o que Chaz podia sentir naquele instante era que tinha algo que precisava ser feito. Rika gritava de dor, era tudo o que podia ouvir. Seu filho e sua esposa estariam mortos, era tudo o que podia ver.
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 +‘Sinto muito, Rika, mas esta é minha escolha,’ pensou Chaz.
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 +Saltou com toda a força que restava em suas pernas, e atirou a faca na direção da mão que disparava o raio maligno. Foi o suficiente para desviar-lhe a trajetória. Chaz caiu junto à esfera negra, e tomou-a entre as mãos, pondo-se entre o reitor e o artefato. Apertou-a com as mãos vigorosas e golpeou o chão violentamente.
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 +Chaz pode sentir como se a esfera de vidro se despedaçasse entre suas mãos. Os pedaços cortavam-lhe a carne e, em seguida, era seu próprio corpo que se despedaçava, sendo invadido por um frio insuportável. Toda a maldade que havia no coração de Zio se espalhou por seu corpo, e ele sentiu a amargura que havia no coração do feiticeiro negro. Sentiu-se ser sugado por toda aquela maldade e tentou gritar, mas sua voz parecia presa em sua garganta.
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 +Foi então que tudo desapareceu, e tudo o que ele pôde ver em seguida era uma bela jovem, adolescente ainda, de grandes olhos e cabelos castanho, sorrindo para ele no meio de toda a escuridão. Toda a dor se dissipou. Todo o frio desapareceu. Daquele sorriso irradiava um ar benfazejo. Chaz sentiu-se envolvido por uma luz azul, quente e cheia de ternura. Aquele sorriso era tudo o que Chaz podia ver, sentir ou ouvir... era confortante. Era lindo.
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 +“Novamente, ele salvou a todos” murmurou Rune.
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 +“Sim, mas foi um alto preço...” voz de Rika, quase sumida, perdeu-se em um soluço.
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 +“Foi a escolha que ele fez.” Rune pôs a mão consoladora no ombro da numana. “Deu sua vida por você, Rika, e pela criança que você carrega no ventre.”
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 +“Ele será forte e valoroso. Será como o pai. E, se preciso for, também darei minha própria vida por ele. Está é minha escolha.” Juntos, ao pé de uma sepultura recém coberta, três pessoas davam adeus a um querido amigo. Gryz mantinha-se em silêncio e Rika, ajoelhada, deixava as lágrimas correrem fartas por seu rosto, enquanto acariciava a laje de pedra.
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 +//Fim//
fanworks/fanfictions/escolhas/fic-escolhas_003.1230911716.txt.gz · Última modificação: 2009/01/13 11:58 (edição externa)